"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ode ao livros II

Anteriomente eu falei sobre algumas emoções minhas em relação aos livros.
Emoções estas ditas passionais, exaltadas, apaixonadas.
Neste post, queria falar sobre duas coisas um pouco mais "objetivas".

1) Compro a maioria dos meus livros em sebos. Sou uma compradora assumidamente compulsiva e com um poder aquisitivo não segue com o mesmo ritmo este meu ímpeto. (Ok, não chego a me alimentar de ovo, miojo e pão para comprar livros, mas confesso que também não fica muito longe. Afinal, para que esta bobagem de alimentar o corpo, se eu posso alimentar a alma...rs...)
Ao chegar em casa com as péroals recolhidas, eu tenho por hábito escrever meu nome, colocar a data da aquisição e carimbar os livros com: Lauren Ferreira Colvara - acervo pessoal. Nossa, mas como é desconfortável fazer isso, quando, há o nome de outra pessoa. Pior ainda quando é o nome de alguém conhecido.

2) Outro descompasso é o seguinte: os livros tem uma direção vetorial única. Explico: eles só entram na minha casa, não saem. Por isso, há um certo problema de espaço físico e uma completa incompreensão de quem faz o meu tesouro nos sebos. Como alguém vende, por exemplo, um exemplar do "Cem anos de Solidão"? Ou do "Insustentável leveza do ser"???? Esta situação de incompreensão piora, quando eu vejo dedicatórias.
Confesso que a melhor está em um livro meu do G.G.Marquez que diz: "que este livro faça com que vc sofra o qto q eu sofri com vc". Fiquei com "medo" inicial de que a maldição recaísse sobre mim, confesso que este, ou eu venderia (como foi feito) ou eu arrancaria a página de rosto (pecado mortal só perdoado depois de rezar fervorosamente a São Gutemberg). No quebrardos ovos, o livro está aqui, fazendo cia para os outros de G.G. Marquez e até agora não fui infeliz. Acho que os vasos de arruda e pimenteira tem ajudado nesta questão.
Mas há outras dedicatórias mais amorosas em que de nada convenceram a pessoa a ficar com o livro.

3) Entristece-me aqueles que não entendem o vínculo que estabeleci com as minhas estantes de livros. Tenho uma amiga que "morou" comigo por um tempo, na verdade, ela dormia algumas noites por semana neste "apertamento". E ela sempre parava diante da estante e dizia: "_ quando é que iremos JOGAR FORA alguns destes livros? É possível saber o que e útil hoje e não será amanhã?
Nossa, sinceramente prezado leitor, é possivel JOGAR FORA um livro?
Acho que sim, afinal, sem pessoas que tivessem esta capacidade... não haveria sebo.


Afff... minha preocupação em principal é: Como vou transportar o livros e fazer caber na casa nova????
Mistérios das meia-noite que voam longe....

Ode aos livros I

Resolvo escrever antes que as idéias saiam janela a fora e nunca mais eu as encontre.
Minhas idéias são como borboletas em fuga. Rápidas e frágeis. A tentativa de capturar, sem uma rede adequada, acaba em um fracasso considerável.
Bem, mas o que ocorre é que estou a arrumar as minhas estantes de livros... Começo sempre pelos de literatura, o que faz, consequentemente, que o trabalho seja mais moroso. São os livros que mais tenho carinho e apreço. Os momentos da mais incrível solidão feliz foram, são e serão com eles. São nestas narativas que me surpreendo ao ver pedaços tão intímos, que tento em vão deixar em segredo, ali, exposto na escrita, eternizado nos caracteres e para meu tormento, acessível a pessoas que eu não faço idéia que existam. Por isso, dizer que um livro é meu, é algo muito forte. Afinal, não sou dona nem do meu corpo ou mesmo de uma possível consciência ( _ Obrigada, tio Freud! por dizer que são as pulsões que me governam... uuufffaaa... sem responsabilidades... rs) . Mas vou deixar esta discussão para outro momento.
O que estou tentando dizer é que minha admiração (e um pouco do que tento fazer aqui) é a exposição que os autores se colocam. É a esfera mais íntima, mais lúdica, dessas pessoas (autores) que estão ali, expostas, ao crivo (príncipio de realidade) de outrem. Precebe já a contradição colocada: vejo o eu representado e o outro que imagina, que cria. Mesmo no meu ao mais singular, solitário e prazeroso, eu tenho um outro. E um outro que me atinge, por vezes, profundamente a ponto de não conseguir ser mais o que era ao final da leitura.
Poderia contar inúmeras passagens literárias que me fizeram olhar no espelho e perguntar: o que mesmo? quem mesmo? por que mesmo?
Como é bom às vezes fazer incríveis descobertas sobre mim mesma apenas pelo sentir e não pelo pensar....
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