"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ode aos livros I

Resolvo escrever antes que as idéias saiam janela a fora e nunca mais eu as encontre.
Minhas idéias são como borboletas em fuga. Rápidas e frágeis. A tentativa de capturar, sem uma rede adequada, acaba em um fracasso considerável.
Bem, mas o que ocorre é que estou a arrumar as minhas estantes de livros... Começo sempre pelos de literatura, o que faz, consequentemente, que o trabalho seja mais moroso. São os livros que mais tenho carinho e apreço. Os momentos da mais incrível solidão feliz foram, são e serão com eles. São nestas narativas que me surpreendo ao ver pedaços tão intímos, que tento em vão deixar em segredo, ali, exposto na escrita, eternizado nos caracteres e para meu tormento, acessível a pessoas que eu não faço idéia que existam. Por isso, dizer que um livro é meu, é algo muito forte. Afinal, não sou dona nem do meu corpo ou mesmo de uma possível consciência ( _ Obrigada, tio Freud! por dizer que são as pulsões que me governam... uuufffaaa... sem responsabilidades... rs) . Mas vou deixar esta discussão para outro momento.
O que estou tentando dizer é que minha admiração (e um pouco do que tento fazer aqui) é a exposição que os autores se colocam. É a esfera mais íntima, mais lúdica, dessas pessoas (autores) que estão ali, expostas, ao crivo (príncipio de realidade) de outrem. Precebe já a contradição colocada: vejo o eu representado e o outro que imagina, que cria. Mesmo no meu ao mais singular, solitário e prazeroso, eu tenho um outro. E um outro que me atinge, por vezes, profundamente a ponto de não conseguir ser mais o que era ao final da leitura.
Poderia contar inúmeras passagens literárias que me fizeram olhar no espelho e perguntar: o que mesmo? quem mesmo? por que mesmo?
Como é bom às vezes fazer incríveis descobertas sobre mim mesma apenas pelo sentir e não pelo pensar....

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