"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

domingo, 8 de março de 2009

Apenas mais um post em um blog falando sobre Slumdog Milionare

Inicio o assunto OVACIONANDO a pessoa que em algum momento não só pensou como fez os maravilhosos programinhas de troca/download de informação. Agradeço mais ainda a aqueles que não só baixam os filmes como os disponibilizam. E por último, parecendo quase um discurso do oscar, a alguém que postou em algum lugar uma frase assim: "piratear filmes é vendê-los, baixar e assistir é participar da sociedade da informação". UFFAAAA.... toda a minha possível culpa de contribuição ao crime organizado e a violência foi incrivelmente extinta. Me sinto quase como uma nova versão do santo BitComet... rs ... Lau versão 2.7... rsrs...

Ok, mas o assunto não é este. Depois de ver várias discussões (amigos, fila de banco, sala de aula, entre outros) vi que estava quase impossível não comentar Slumdog Milionare. Afinal, o assunto é mais popular do que o BBB...rs... Fique bem claro que não sou nenhuma especialista em cinema. Sou apenas uma pessoa que vê e que tem opiniões sobre alguma coisa.

Não acho que Slumdog mereceu o oscar de melhor filme. Não com as justificativas dadas. A escolha foi claramente política, reforçando um discurso de engessamento de determinadas "ordens sociais". Já explico. O filme trata de um garoto, slumdog (favelado), que vai a um programa de TV para conquistar uma pequena fortuna e assim salvar o amor da vida dele. Ao meu ver, um filme romantico naturalista num cenário subdesenvolvido, inclusive, com direito a mauzinho e bonzinho.

Jammal (o herói ressurgido dos excrementos - cena polêmica do filme) só conseguirá ser algo ou alguém por golpes de sorte, o que fica demarcado o filme todo, jamais pela trajetória de sua vida. A escolha se deve muito mais a um momento "yes, we can do", motivado pela eleição do Obama e todo o sonho americano, do que exatamente por merecimento. Fica evidente o "yes, we can do" um filme com orçamento baixo, num lugar estranho, com um elenco $em e$strela$, do que qualquer tipo de significação mais profudna do filme. Também, porque não tem... Creio eu.

Perguntas: será Jammal um dalit? Será que Bahuan estava fugindo também da mesma carnificina? O que teria acontecido se Jammal tivesse sido recolhido por Shankar?

Faço esta mistura só para dizer o que realmente me choca: o jogo de estereótipo.

"Os culturalistas iriam dizer que"... não é dar importância ao filmes em si, mas o que se pode ver com ele. Em Slumdog pode-se especular sobre as mediações, de como um menino sem instrução teve acesso a determinadas informações só pela vivência. Logicamente, que a beleza está nos olhos de quem vê. Logicamente, vejo isso porque sou fortemente influenciada por esta "vibe" teórica. E vejo também que, tanto Slumdog como Caminho das Indias tratam de uma Indía que duvido eu seja aquilo. Talvez um misto das duas? Sei lá... acho que só indo para lá mesmo... (aceito financiamento) ... mas as duas produções midiáticas tem uma coisa em comum, além da própria india, retraram a mesma coisa, isto é, o que é, é e não pode ser mudado, a não ser num golpe de sorte. Num dia auspicioso.

Realmente não consigo entender o que faz tantas pessoas falarem sobre a cena de que o "heroi" sai dos escrementos... aff... ok, não é uma cena agradável... o filme em si não é um Matrix ou Um lugar Chamado Nothing Hill (filmes que eu assisto várias e várias vezes sem enjoar).. mas não acho que seja para tanto. Existem filmes com cenas bem mais desagradavéis ( as quais logicamente fogem completamente da minha mente no presente momento).

Digo já, que outra coisa que me irrita é o mito do filme cult. Dizer que o filme é assim, é assado só porque trata de uma marginalização tal... Concordo plenamente com o canavalesco Joaozinho30, quem gosta de pobre é intelectual. Deixa vc ficar sem dinheiro no final do mês, cortarem a sua luz ou vc ter que sair do conforto da sua casa com internet, geladeira entre outros eletrodomésticos, para ver se há alguma poesia na pobreza.

Aff... fala, fala, fala... e não se chegar a lugar nenhum??? O filme não é algo que denuncia, que modifica, que faz refletir (proposta esta que entendo ser dos filmes "cabeça"), por isso, reforço a ideia de que não passa de um romance em país subdesenvolvido.

Agora, ao assistir Milk e a Troca, embora sejam filmes americanos ("morte aos yankees e seu american way life"... aff...), trazem para mim algo muito mais significativo. Falam para mim de que é possível fazer algo, mudar algo, nem que seja numa tomada de consciência no meu aniversario de 40 anos (vide milk) ou seja diante de uma injustiça e que não se pode calar (a troca). Nenhum dos dois tem um happy ending, mas a ação por si só já era uma resposta.

Opiniões são opiniões... registro a minha, assim, quem sabe não consigo iniciar alguma movimentação.... quem sabe....

Um comentário:

Andre de P.Eduardo disse...

Olá! Adorei seu comentário sobre o filme ("romance em país subdesenvolvido"). Também detestei a justaposição do Slumdog como algo inovador com carinha "cult" (que é o que mais tem por ai). Você exagera nos "affs" hein... mas com razão! Abraços!

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