"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

sábado, 28 de março de 2009

ND+

Uma das questões eternas: pq estamos aqui? O que é este momento comparado a eternidade? Será que existe uma coisa ou outra? Não seria melhor já ter conhecimento a priori do que é esta existência que acontece a momento?
Não sei.
Só suspeito que um dos objetivos da minha existência (hoje) é não procurar nenhum propósito de existência. Deixo os acontecimento me mostrarem o caminho e vejo como o agora se configura, sem a mínima preocupação com o depois.
Estou convencida, ou melhor, seduzida pela idéia de que um mundo não pode ser construído sem entrega, amor e não acomodação (movimento).
Se eu pudesse ser um objeto, acho que eu gostaria de ser uma lâmpada. Para a possibilidade de iluminar e de escurecer, sempre que assim desejarem. Afinal, não importa o que é, importa o que se faz com o "que". Tem vezes que a luz é necessária, em outras, só traz angústia. Ficar no escuro não é tão ruim, porque faz com que outros sentidos se apresentem, se manifestem, e a possibilidade de outras descobertas ficam mais e mais excitantes.
Assim como a dor. O tempo doloroso deve ter sua duração exata, nem mais, nem menos. Assim como o tempo de alegria. Se não, a perfeição se torna algo descartável. A menor parte da existência é perfeita. E o perfeito por sua vez, é mais uma invenção, uma representação de um estado inominável, "inenarrável". A perfeição é um termo muleta para aquilo que deve ficar subjetivo, escondido explicitamente nos atos e nos rostos e em qualquer manifestação não verbal.
A voz ordena. É o que há de estranho em mim, é o que me projeta para além da imagem, é a outra possibilidade de percepção do Outro de mim.
Tanto a imagem e o som são dependentes da percepção, da interpretação do Outro. E a lógica, a razão individual são o completo abismo. É o desejo de abismar, de encantar e ser encantado, de ser levada por uma lufada inesperada. O resultado? mágoa, amor, raiva, alegria... enfim, a uma fusão paradoxal de sentimentos.
Se não existir a catastrofe, a felicidade excessiva, ou qualquer coisa que possa me dissolver diante do Outro, não há o momento do vacilo, da sensação do perigo de estar entre dois estados, duas fronteiras, na corda bamba da razão e da emoção. Perigando perder a estrutura de real e abstrato.
Enfim, sem mais delongas, o que queria dizer, não sei se consegui, é que estar aberto ao mundo, ao Outro, não implica em apenas uma forma de se relacionar, uma única forma de sofrer. A originalidade das relações é uma coisa dificil de se alcançar, dificil, não impossivel. Tudo pode ser construído.

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