"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

sexta-feira, 3 de julho de 2009

As águas

Na praia inicial de minha vida vejo no horizonte a vida que está por vir. Não é a toa a conjunção de elementos em mim. O fogo de meu signo solar, a água de minha santa de cabeça (Iemanjá), o vento que preciso para as minhas velas e a terra para meus pés. Tudo é a vida que se origina e se desemboca em mim. Mas que as vezes este ciclo precisa do entre. O rio não é rio se não tiver seus afluentes. E todo mar tem seu rio. A espera pelo mar. Mas as vezes há o esquecimento de que eu mesma sou um rio. E não um rio que passa pela vida, mas a vida própria e que tem em si seu movimento, seu ecossistema. Talvez tudo isso seja mais uma demonstração de que as coisas vem de dentro para fora e não de fora para dentro. Mas também pode ser exatamente o contrário, em dizer que tudo está interligado. Tudo e o nada estão no eterno retorno. O retorno.
Não há desamparo, nem sentimento oceanico. Há apenas a constatação de que a vida é muito maior do que os processos da água que aprendemos nas aulas de ciencia. Evaporação. Condensação. Sublimação. Mais... mto mais... são as águas que revolvem em mim. Guardo traços. tenho marcas e veios. Apesar de ser menina, descubro que sou um rio. Nada parecido com algo nas dicotomias de bom e mau, sou apenas o que sou. Gostaria de ter o poder de invocar os ventos e mudar o rumo. Mas como um rio pode mudar de lugar.... faço do risco de viver meu alimento. Não há mau ou bom tempo, há vida, há a agua. A diferença entre o mar e o rio é que um é doce e outro salgado. Um é pequeno e outro é grande, imenso. Mas em sua pequinez o rio mostra as possibilidades de navegação e acaba por desembocar no mar. E o mar, por sua vez, tem sempre um rio para lhe alimentar. aprendo com isso que nada sei sobre o mar, e nada sei sobre mim. e já não temo nada. Enfrento tudo de peito aberto. Tudo pode ser sede, posso querer tomar goles grande para aplacar a garganta seca. As coisas voltam para o mesmo lugar, estou presa a minha existência, a minha vida. Tenho que bebe-la mesmo quando não tenho mais sede. Pode ser enfadonho as vezes, mas não acredito ser feliz vivendo outra vida que não fosse a minha.

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