"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

domingo, 5 de julho de 2009

A pipa e o menino

Pipa. Linha. Menino.
A pipa na mão do menino voa. Brinca. Dança no céu azul.
O menino corre levando a pipa. A pipa que dança no céu azul.
A linha esticada nas mãos do menino dita o movimento da pipa.
No céu azul a pipa contrasta com a luz do sol. Dança, tremita.
Em suas mãos a pipa vai e volta, volta e vem.
No alto, o menino para a pipa em suas cores. O menino dá linha, a pipa sobe... tão pequena na imensidão azul e branca. Um ponto no céu, foi para onde não se pode distinguir suas cores e forma. A pipa parece mais um complemento às nuvens tão brancas.
A linha esticada é puxada. A pipa quase cai. A imrpessão de queda e a proximidade com o chão faz com que a pipa se desconcerte. Mas o menino habilidoso em sua arte, devolve aos poucos a pipa ao céu. O menino consegue manipular a pipa, a desvia aos poucos dos ventos pouco favoráveis.
O vento causa turbulência. A linha firme nas mãos do menino a leve além. A leva sem medo. Obstinado. Mas a pipa está em contradição, se agita. Às vezes consegue fazer os movimentos comandados pelo menino, ora se se abala com o vento.
O céu não parece mais um lugar seguro. Não aquele pedaço de céu. O menino parece não perceber a fragilidade da pipa. Ou parece terr um prazer sádico em quase destruí-la. Em voos cada vez mais ousados, o menino ordena a pipa, força. Mas e a pipa? E a sua vontade? E a sua vontade?
A pipa tenta mostrar que não está conseguindo. Seus limites estão postos. Os voos tem seu declínio. A pipa manca em seu voo. A linha amarrada começa a esgarçar. E menino não percebe.
O menino tão entretido com a brincadeiram, em sua gana, com o desafio provocado pela pipa. Ri. Corre. E o fio, por sua vez, se esgarçando. O vento recomeça.
O que aconteceria com a pipa?
A pipa ao se soltar do fio, alcaçará seu voo solitário. Em algum momento poderá cair. A dor do fio se rompendo seria maior do que o encontro com o chão? Creio que uma coisa está implicada com a outra. Mas será a sua queda sem o menino. Sem o fio, ela não deixará de ser uma pipa colorida no céu. Sem o fio ela é perdida e achada.
Ao menino restará o fio. Mas ele também não deixará de ser menino e o fio poderá ser amarrado a outra pipa.

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