"Meu livro e meu diário interferem um noutro constantemente. Eu não consigo separá-los. Nem consiliá-los. Sou uma traidora com ambos. Sou mais leal ao diário, porém colocarei páginas do me diário no livo, mas, nunca páginas do meu livro no diário, demonstrando uma fidelidade humana à autenticidade humana do diário" ANAIS NÏN

segunda-feira, 30 de março de 2009

Realidade? Ou Realidades? Ou puro devaneio?

Se eu considerar o tempo psiquico que vivemos. A frase ja cria uma serie de contradicoes... tempo? Psiquico? Vivemos?
O tempo ja é há mto tempo considerado algo abstrato e sem forma. A unica coisa que o faz ter algum "nexo" é o espaço. Se considero o espaço a psique... pronto! O furdunço fica ainda maior. Será que dá para falar de uma psique? será que dá para pensar em consituiçào não prática e objetiva num tempo em que só se pede para se consumir e não importa o que. E último... viver... bem, este terceiro foi atiçado não só por minahs experïências eternas de questionamento sobre viver ou não viver, mas por uma conversa ontem a noite por msn. O que é viver? é o que passa pelo meu corpo? é o que consigo lembrar? Mas tudo isso não faz parte da psique? E a psique não é destituída de tempo? Afff... acho que já dá pra sentir o que teremos pela frente...
Mas será que há uma evolução? Digo mesmo num sentido darwiniano. Os mais fortes sobrevivem nesta selva de pseudo sentimentos e fortalezas racionais? Penso que esta suposta evolução nos levou a uma analfabetização emocional. É quase uma incitação contínua para que tenhamos um comportamento maníaco... e isso nada tem haver com estado, mecanimos capitalistas.... tem haver com o fato de não saber mais viver.
Hoje no onibus eu fiz uma pequena contagem. Havia 6 pessoas lendo, além de mim. 3 destas pessoas estavam com algum best seller. As outras 3 estavam com um livro de auto-ajuda, inclusive a menina que estava ao meu lado. Curiosa como sou, olhei para a página aberta em seu colo. Lá estava. Reluzindo. Destacada sem pudor algum a frase chave para ela:"Pense como um homem se quiser o conquistar".
Neste momento comecei a automaticamente a pensar: Como assim pensar como um homem? - compra playboys? Acompanhar o campeonato brasileiro, estadual e municipal de futebol? - espera. Pense. Como pensar como um homem? Cheguei a parca conclusão que se trata de pensar e remeter mensagens para o suposto homem que habita meu ser feminino. Bem, comecei a delinear uma série de caracteristicas.
Racionalidade, não delicadeza, uma certa propensão a relacionamentos extra conjugais, não paciência, incapacidade de encontrar algo na geladeira, influencia direta dos amigos sobre as suas decisões, falocentrismo, egocentrismo, pulsão sexual beirando a fixação patológica.
Ok... acho que já deu para começar a sacar o que eu quero dizer com isso.
Olha quantas imagens negativas. Olha quantas coisas vão se formando dentro de um achismo. E é nisso que acabamos por nos apoiar, pq somos mancos, para nos relacionar.
Entramos num delírio, em que o modelo central, ao invés de ser o sonho, as fantasias, é pura persecutoriedade. Rejeita-se qualquer tipo de representação, ou apreensão, de alguém pela experiência. Lógico, é mais fácil se preparar para derrota, ter o script inteiro já escritinho e redondinho. Recalcar qualquer desejo, é ter o Outro no sentido de uma sublimação muito mais ligada a tecnologia da sedução com técnica e etc, do que a impulsividade das ações espontaneas.
O que quero dizer, é que isso configura quase um estado de neurose abstoluta. A realidade do fato vivido, é substituido por um fragmento de realidade completamente fantasiado. É uma construção mórbida, destrutiva. E neste delírio, não há como reconstruir este Outro. Pq o apego a catastrofe imediata faz com que o mínimo gesto do Outro se torne uma das trombetas do apocalipse. É o fim dos tempos.
O resultado disso? é um rompimento com a realidade, rompimento com as experiências... Não há o movimento do dentro para fora, mas é o para fora "ameaçando" o dentro.
E o amor por si? O narcisismo? torna-se mais do que o investimento no eu, mas o abandono de qualquer tipo de investimento no outro. Até mesmo o negativo.
Nos tornamos melancólicos, triste e paralisados. A eterna dor da perda e sem nem ao menos saber o que perdeu. Pq estamos tão fixados com estas imagens, com estas imagens persecutórias do mundo que nos deformamos, renunciamos a qualquer tipo de unidade para fazer parte de um todo amorfo e cinza, nos comportamos como se tudo já tivesse sido conhecido. Num eterno blase emocional. Eu sempre entediado comigo mesmo... afinal... sou obrigada a viver comigo para toda a eternidade.
Sem o Outro não tem a novidade, o desafio, o desejo... não tem o saltitar de emoção, não tem o rosto pegando fogo por um mínimo gesto feito, não tem, não tem... é só recusa, sem nada a ser aceito.

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