Estava arrumando o armário. Estava a perguntar o por que de tudo aquilo. Tanta coisa. Tanta desorganização. "_ Nunca vou usar tudo ao mesmo tempo." Mas seria mesmo tudo tão desorganizado assim? Seria ela a desorganização em pessoa?
Embora as as blusas, as calças, as saias estivessem relativamente em seus lugares, havia um quê de caos. Até que... em uma das gavetas, estava ela... a flor.
Seu primeiro impulso foi sorrir. Em um breve instante havia sido transportada para uma outra época. De volta ao seu inexistente carro, num estacionamento que já não mais ocupava e com alguém que jamais lhe pertenceu.
Olha o quarto revolto e se dá conta de como o tempo passou. De como vivia agora outra vida. Quantas vida podemos viver dentro de uma mesma vida? - se perguntava silenciosamente. É como se já tivesse sido várias pessoas numa só. Várias histórias numa só. Vida.
A música não é mais a mesma, as fantasias já não são mais as mesmas e nem a cor do seu cabelo é mais a mesma. Só seu nome não mudou.
Muda,calada, ressentida em si mesma. Fechada. É assim que ela deve ser. A solidão é a sua bandeira. Não é melancólio, nem triste. Apenas uma escolha. É um segredo. O segredo de uma vida. Assim como a flor. Um segredo compartilhado com pessoas daquela época, que também não são mais as mesmas de agora.
Pensa em como algo que parecia ser mais algumas frases de impacto tornam-se em algo que se esboça como um conto. Quem conta um conto, aumenta um ponto. Apartir do momento que ela contar a história, ela deixa de ser dela e passa a ser de todos. Uma forma interessante de se perder aos poucos.
Conta que vestida de Rapunzel, com sua longa trança de rosas falsas com um falso príncipe. Viveu o que se diz um momento de mulher e não um momento de felicidade. Em um carro que em menos de dois anos deixaria de existir, assim como este encontro não realizado entre estas falsidades.
Ela passa a mão no cabelo. Doma o cabelo, amarra, como se amarrasse a si mesma. Lembra da música. "Não fique magoada" E não ficou. Não é para ficar. As mágoas são dedicadas à pessoas especiais, é como um cálice de cicuta. Um veneno doce que mata o coração e amarga a alma. A mágoa não é e nem deve ser dedicada a momentos. Estes pequenos fotogramas que nos servem para alimentar a alma e dar um certo consolo de que a existência não é tão inútil assim.
Voltando a cena em questão. Em nada havia de romantismo. Era apenas o falso príncipe falando da sua banda favorita. Olhando para trás não há mágica. Mesmo as entradas e saídas dele em sua vida. Ambiguidades a parte. Um dia que ele saiu, ela resolveu fechar a porta. De vez. Como sempre faz. Fecha a porta, tranca e não olha mais para ela. Pode-se imaginar que a sala da casa dela seja cheia de portas fechadas. Cada uma com o seu formato, cor e material específico. Algumas portas, são um pouco mais frágeis. Talvez, quem saiu por ela pudesse forçar um pouco a entrada e entraria. Mas ela sabe que as pessoas não são bumerangue, não se joga para longe, esperando que volte.
Mas de tudo que ela conta ficou a banda, a música, a história e a flor.
Não havia nada banal, vulgar ou carnal. Mas uma afinidade particular. Não só pelo gosto da banda que tocava no K7 desgastado, mas nas noites a fio que ficavam juntos. Apenas juntos. Aproveitando um da cia do outro, da presença, do abraço.
O olhar dela se perde ao longe. Ela sabe que aproveitou o máximo e usou tudo ao máximo. Tudo era rápido e foi. Fulgaz em relação a ele. E incerto por ela. A ela restou o que entenderia só mais tarde, arrumando um armário.
A fronteira é fina entre o conto de fadas e a novela mexicana piegas. Todos os elementos estão em ambas as coisas. O que dá o tom é a forma de contar. A forma com que se encontravam cada vez.
Ela se pergunta se para ele era da mesma forma. Pergunta impossível de resposta. Haviam outras pessoas que entravam e saiam de sua vida, quanto ele sumia como o Holdini. Com o falso príncipe ela aprendeu a ser mais ludica, a dar espaço para quem e não só que ela quisesse que entrasse em sua vida, o que era estar junto por estar junto. Aprendeu a dormir quando o corpo não suportasse mais. Acordar embrulhada num abraço sincero. Eram as melhores coisas de se estar com alguém.
A graça da vida não estava na realidade, naquela que explicamos com senso comum, facilmente. metas fazem parte, mas não são nada sem o sonho. Os planos não podem se concretizar se não tiver um pouco de insanidade, um pouco de esforço para ir além.
O gosto do café e do cigarro na madrugada. Lembra-se em seguida de como foi inexplicável e ainda é o ditado popular: dois bicudos não se beijam. Por que duas pessoas de natureza parecida e encaixada não podem dar certo? Por que parece sempre faltar alguma coisa?
Talvez uma resposta para esta pergunta se esboça. É porque este outro deixa de ser o não eu e passa a corresponder a um eu, externo. Daí fica dificil aceitar atitudes que não seriam parecidas ou as mesmas que a sua.
A nossa heroína não se desgasta perguntando além disso, pois nunca precisou de mais fantasmas em sua cabeça, além dos que já possui. Ela própria já é uma casa mal assombrada, mas que seja pelo menos de um parque de diversão.
Aprendeu o que havia para se aprender. Se guardou desde o dia que se fechou a porta. Agora, espera de frente com uma porta aberta uma figura tomar conta de seu olhar, do centro do espelho e do lado vazio da sua cama. E tudo ficará para trás. Assim como a flor que ela encontrou perdida no meio de sua bagunça. A flor que deu de volta a ela a mensagem que precisava neste momento.
Ela pega a flor e se dá conta que a vida é um grande ensaio. Coisas dão certo, outra também. Mesmo no ensaio de uma relação. Num esboço de um amor. No início de uma paixão. A vida dá e a vida toma. Tudo se torna apenas uma questão de como viver estas coisas enquanto estão acontecendo. Depois, tudo vira caracteres. Não importa a ela saber se foi amada, porque também não soube amar. E se pergunta se algum dia saberá amar.
Agora o espaço do armário está arrumado. Espera a chegada de roupas novas e das malas. Como seu coração desorganizado tem um espaço para a chegada do principe de verdade.
Embora as as blusas, as calças, as saias estivessem relativamente em seus lugares, havia um quê de caos. Até que... em uma das gavetas, estava ela... a flor.
Seu primeiro impulso foi sorrir. Em um breve instante havia sido transportada para uma outra época. De volta ao seu inexistente carro, num estacionamento que já não mais ocupava e com alguém que jamais lhe pertenceu.
Olha o quarto revolto e se dá conta de como o tempo passou. De como vivia agora outra vida. Quantas vida podemos viver dentro de uma mesma vida? - se perguntava silenciosamente. É como se já tivesse sido várias pessoas numa só. Várias histórias numa só. Vida.
A música não é mais a mesma, as fantasias já não são mais as mesmas e nem a cor do seu cabelo é mais a mesma. Só seu nome não mudou.
Muda,calada, ressentida em si mesma. Fechada. É assim que ela deve ser. A solidão é a sua bandeira. Não é melancólio, nem triste. Apenas uma escolha. É um segredo. O segredo de uma vida. Assim como a flor. Um segredo compartilhado com pessoas daquela época, que também não são mais as mesmas de agora.
Pensa em como algo que parecia ser mais algumas frases de impacto tornam-se em algo que se esboça como um conto. Quem conta um conto, aumenta um ponto. Apartir do momento que ela contar a história, ela deixa de ser dela e passa a ser de todos. Uma forma interessante de se perder aos poucos.
Conta que vestida de Rapunzel, com sua longa trança de rosas falsas com um falso príncipe. Viveu o que se diz um momento de mulher e não um momento de felicidade. Em um carro que em menos de dois anos deixaria de existir, assim como este encontro não realizado entre estas falsidades.
Ela passa a mão no cabelo. Doma o cabelo, amarra, como se amarrasse a si mesma. Lembra da música. "Não fique magoada" E não ficou. Não é para ficar. As mágoas são dedicadas à pessoas especiais, é como um cálice de cicuta. Um veneno doce que mata o coração e amarga a alma. A mágoa não é e nem deve ser dedicada a momentos. Estes pequenos fotogramas que nos servem para alimentar a alma e dar um certo consolo de que a existência não é tão inútil assim.
Voltando a cena em questão. Em nada havia de romantismo. Era apenas o falso príncipe falando da sua banda favorita. Olhando para trás não há mágica. Mesmo as entradas e saídas dele em sua vida. Ambiguidades a parte. Um dia que ele saiu, ela resolveu fechar a porta. De vez. Como sempre faz. Fecha a porta, tranca e não olha mais para ela. Pode-se imaginar que a sala da casa dela seja cheia de portas fechadas. Cada uma com o seu formato, cor e material específico. Algumas portas, são um pouco mais frágeis. Talvez, quem saiu por ela pudesse forçar um pouco a entrada e entraria. Mas ela sabe que as pessoas não são bumerangue, não se joga para longe, esperando que volte.
Mas de tudo que ela conta ficou a banda, a música, a história e a flor.
Não havia nada banal, vulgar ou carnal. Mas uma afinidade particular. Não só pelo gosto da banda que tocava no K7 desgastado, mas nas noites a fio que ficavam juntos. Apenas juntos. Aproveitando um da cia do outro, da presença, do abraço.
O olhar dela se perde ao longe. Ela sabe que aproveitou o máximo e usou tudo ao máximo. Tudo era rápido e foi. Fulgaz em relação a ele. E incerto por ela. A ela restou o que entenderia só mais tarde, arrumando um armário.
A fronteira é fina entre o conto de fadas e a novela mexicana piegas. Todos os elementos estão em ambas as coisas. O que dá o tom é a forma de contar. A forma com que se encontravam cada vez.
Ela se pergunta se para ele era da mesma forma. Pergunta impossível de resposta. Haviam outras pessoas que entravam e saiam de sua vida, quanto ele sumia como o Holdini. Com o falso príncipe ela aprendeu a ser mais ludica, a dar espaço para quem e não só que ela quisesse que entrasse em sua vida, o que era estar junto por estar junto. Aprendeu a dormir quando o corpo não suportasse mais. Acordar embrulhada num abraço sincero. Eram as melhores coisas de se estar com alguém.
A graça da vida não estava na realidade, naquela que explicamos com senso comum, facilmente. metas fazem parte, mas não são nada sem o sonho. Os planos não podem se concretizar se não tiver um pouco de insanidade, um pouco de esforço para ir além.
O gosto do café e do cigarro na madrugada. Lembra-se em seguida de como foi inexplicável e ainda é o ditado popular: dois bicudos não se beijam. Por que duas pessoas de natureza parecida e encaixada não podem dar certo? Por que parece sempre faltar alguma coisa?
Talvez uma resposta para esta pergunta se esboça. É porque este outro deixa de ser o não eu e passa a corresponder a um eu, externo. Daí fica dificil aceitar atitudes que não seriam parecidas ou as mesmas que a sua.
A nossa heroína não se desgasta perguntando além disso, pois nunca precisou de mais fantasmas em sua cabeça, além dos que já possui. Ela própria já é uma casa mal assombrada, mas que seja pelo menos de um parque de diversão.
Aprendeu o que havia para se aprender. Se guardou desde o dia que se fechou a porta. Agora, espera de frente com uma porta aberta uma figura tomar conta de seu olhar, do centro do espelho e do lado vazio da sua cama. E tudo ficará para trás. Assim como a flor que ela encontrou perdida no meio de sua bagunça. A flor que deu de volta a ela a mensagem que precisava neste momento.
Ela pega a flor e se dá conta que a vida é um grande ensaio. Coisas dão certo, outra também. Mesmo no ensaio de uma relação. Num esboço de um amor. No início de uma paixão. A vida dá e a vida toma. Tudo se torna apenas uma questão de como viver estas coisas enquanto estão acontecendo. Depois, tudo vira caracteres. Não importa a ela saber se foi amada, porque também não soube amar. E se pergunta se algum dia saberá amar.
Agora o espaço do armário está arrumado. Espera a chegada de roupas novas e das malas. Como seu coração desorganizado tem um espaço para a chegada do principe de verdade.
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